Economia cresce 0,2% no 2º tri, mas greve e incertezas eleitorais pesam

As expectativas em pesquisa da Reuters com analistas eram de avanço de 0,1 por cento do PIB no segundo trimestre sobre o período anterior e de 1,1 por cento na comparação com um ano antes.

A economia do Brasil cresceu 0,2% no segundo trimestre ante os três meses anteriores, apontam dados divulgados hoje (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo a instituição, a greve dos caminhoneiros, que afetou bastante a hotelaria, pesou sobre a indústria e os investimentos. O IBGE destacou ainda a instabilidade da atividade econômica em meio às incertezas às vésperas da eleição presidencial de outubro.

Esse foi o ritmo mais forte desde o terceiro trimestre de 2017 (0,6%) e também mostrou aceleração em relação ao primeiro trimestre. Isso só ocorreu porque o IBGE revisou para baixo o dado do início do ano, que passou de elevação de 0,4% para 0,1% de janeiro a março. Na comparação com o segundo trimestre de 2017, a expansão foi de 1%, resultado mais baixo nessa base de comparação em um ano. “Não dá para falar em aceleração do PIB, mas numa estabilidade nos últimos três trimestres”, avalia Rebeca Palis, economista do IBGE.

Pesquisa feita pela agência de notícias Reuters com analistas de mercado apontavam avanço de 0,1% no segundo trimestre frente aos três meses anteriores. Já na comparação anual, a alta prevista era de 1,1%.

A atividade de serviços foi o destaque no segundo trimestre, com elevação de 0,3% sobre os três meses anteriores. Na outra ponta, a indústria registrou contração de 0,6%, num período abalado pela greve dos caminhoneiros, no final de maio. A agropecuária, por sua vez, mostrou estagnação.

“Os serviços são a atividade mais importante do PIB, e isso puxou para cima. Por outro lado, a indústria de transformação foi afetada pela greve de caminhoneiros. Os serviços mais que compensaram a queda da indústria, mas o comércio foi afetado pela greve também”, comenta Rebeca.

Economia: investimentos

O destaque negativo ficou para a FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), indicador de investimentos, que despencou 1,8% no período. Com isso, interrompeu série de quatro trimestres seguidos de alta, mesmo tendo os juros em mínima histórica como pano de fundo, levantando um sinal de alerta. “Toda a incerteza política, eleitoral e econômica faz com que o investimento fique parado”, explica Claudia Dionísio, também economista do IBGE.

Já o consumo das famílias avançou 0,1% de abril a junho, enquanto o consumo do governo subiu 0,5% sobre o primeiro trimestre. A greve dos caminhoneiros prejudicou diretamente a atividade e abalou a confiança de empresariado e consumidores após as manifestações no final de maio fecharem estradas e prejudicarem o abastecimento de combustíveis, alimentos e outros insumos.

As manifestações foram um golpe para a recuperação econômica, que ainda luta para engrenar um ritmo sustentado em um ambiente de desemprego elevado e confiança abalada que contêm o consumo. A situação se agrava ainda mais agora com as incertezas relacionadas à eleição, que tendem a diminuir as perspectivas de planejamento ou investimento por parte das empresas.

“O resultado consolida a visão de que a recuperação foi perdendo força ao longo de 2018. À medida que o aperto das condições financeiras começou a afetar o terceiro trimestre, que existe uma condição externa mais desafiadora e há no mercado doméstico toda uma incerteza quanto ao avanço das reformas, isso afeta o câmbio, o preço dos ativos em bolsa e a curva de juros, com reflexo no crescimento da economia”, avalia Artur Passos, economista do Itaú.

O resultado do PIB corrobora a série de revisões que vêm sendo promovidas nas projeções de crescimento para 2018, inclusive dentro do governo. A pesquisa Focus mais recente realizada pelo Banco Central mostra expectativa de crescimento de 1,47%, quando antes dos protestos esse número era de 2,5%.

Fonte: br.reuters.com